Escreveu tão rápido para não se esquecer das palavras valiosas que só olhava para seus dedos forçando freneticamente as teclas e quando sentiu que ia chegar no fim do papel e foi puxar a alavanca para trazer de volta, percebeu que havia esquecido de colocar papel na máquina. As palavras instantaneamente voarem longe, tão suave quanto uma pena, tão naturalmente como chegaram e se deitaram em sua cabeça minutos atrás.
Desesperada tentou ver se as letras ficaram marcadas no suporte do papel para poder ler, forçou a vista para ver se pelo menos uma letra tinha ficado gravada ali e assim recuperar as palavras, mas não conseguiu pois o suporte era preto assim como a tinta, escuro assim como sua mente agora vazia. Preto sobre preto igual a nada. Por que isso tinha que acontecer com ela? Por que as palavras se camuflaram para se esconder dela? Justo ela, a garota que era apaixonada, formada e completa inteiramente pelas palavras... e sempre traída por elas.
A máquina, que para a garota tem o maior dom de todos (motivo pelo qual a menina tinha inveja) tem todas as suas engrenagens, seu metal frio, a fita, as teclas feitas especialmente para ultilizar desse dom: o dom de ter todas as palavras a seu dispor em todos os momentos, formar palavras, transmitir a linguagem, também ela, a máquina, a traiu. Com tudo isso que ela pode fazer, com esse poder de ter o mundo inteiro e todas as coisas em suas mãos (ou melhor, em suas teclas), por que não avisou a garota faltava o componente essencial: um pedaço em branco para, no contraste, revelar as palavras feitas pelo negro da tinta e só assim funcionar perfeitamente? Por que não lhe avisou que sem a devida preparação e atenção para o instrumento, ele se torna inútil?
Na verdade ela tentou avisar (não iria trair a menina das palavras dessa maneira) mas não soube como, faltou-lhe as palavras.
(GB - 16)
<3333 *-* ^u^ ;) (me faltou palavras...só restou emoções...)
ResponderExcluirBeijos, Lau.