Inter-hemisférica
Direta indireta
Ânima ânimus
Complementária
Lua Sol
Cono falo
Mar lago
Vulcão tempestade
Caçador jardineira
Genitor genetriz
Terra céu
Barca vela
Taça pirâmide
Vênus marte
Yin Yang
Água seca
Fornilho tubo
Semente adubo
Cria ação
Terapia de auto-serenata pandêmica: sem paixão e ninguém além desse corpo pra ocupar pensamentos e buscando viver o tal do tão dito amor próprio de isolamento solitudinal, pra não colapsar comigo, ando me permitindo, sem medo de parecer louca aos meus olhos, ouvir todas as músicas românticas sob o ponto de escuta de um diálogo interno de mim pra eu mesma. Estranhamente todas as músicas fazem sentido, principalmente as de decepções amorosas e abandono. E de repente eu me vi assim completamente seu, sem você não há caminho eu não me acho, descabelada, diva, súbita, se você for embora vou virar mendigo, eu vou bater de frente com tudo por ela, topar qualquer luta, pelas pequenas alegrias da vida adulta, eu posso ver o que tem dentro de você e te dizer o que existe em mim. Não vou mais fantasiar declarações ou desabafos de verdades do amor pensando em outrem. Eu me faço tudo isso por mim.
(GB - 23)
Coisas que minha Pomba Gira me ensinou:
Esse constante querer ser faz com que eu não veja o que já se é. E aí sinto que nunca sou. Auto engano. Quero aprender a não comparar mais importâncias. Ser grande é de dentro pra fora e não de fora pra dentro. Pra ver, tem que aprender a mergulhar na pequena grandeza e saber que tem um lugar, tem um espaço ali, que ela cabe. E isso tem que ser o bastante. O que cabe desse pó de estrela, no espaço-tempo do mundo é tão pequeno e grande quanto todos os outros pós de estrela. Não mais, nem menos, porque o destino é sempre o mesmo. Vou morrer insignificante como a maioria de nós. Alguns foram vistos maiores do que a grandeza que cabe a maioria, em comparação arbitrária. Aprendemos na escola que poderemos ser vistos assim também, se nos esforçarmos, nem que seja depois de morrermos, como Van Gogh. Não. Não enganem nossas crianças. Falemos pra elas da importância de ver e admirar o mundo que cabe a elas e não querer ser o que coube a apenas alguns. Falemos pra elas sobre aquela nossa importância que quem carrega somos nós e os nossos e não o mundo. E isso é o bastante sim. A importância tá na terra que é e não na tela que mostra. Porque, se esse nosso micro planeta é o mundo pra nós, minha nano importância pode ser o mundo pra algo. Que não julguemos importâncias pela aparência. Que não soframos pela frustração de não sermos um mundo que não nos cabe carregar. É muito mais pesado exigir um mundo fantasioso de si do que carregar o mundo que você tem pra ser. Se não, viveremos eternamente não cabendo em nós mesmos.
(GB - 23)
a falta. e um querer ser vaso e planta. porque sendo vaso e planta só posso aceitar ser abrigo de mim. muda. vaso de muda. não a que se muda, a que se cala. emudecer-se é se tornar planta que jovem, aprende. agir em natural e indiferente quietude e uma quase imobilidade de quem só se curvar diante do tempo e estica-se diante do sol. a raiz que não tá no chão. às vezes me sinto como terra acomodada, descansada naquilo que me disseram ser casa enquanto na verdade estou flutuante num além-território. e é mais pequeno do que deveria de ser. Eu-vaso.