terça-feira, 3 de novembro de 2015

Vassouras e Olhares

ônibus para, sol forte no céu. Ao lado direito, de frente pra janela do assento, um varredor de rua com sua roupa laranjada e pesada grudando em seu corpo suado.

Com seu olhar enrugado, indiferente e distraído, demonstra estar acostumado com a rotina, acostumado com sua inexistência enquanto as pessoas passeiam pelo parque que é limpo por ele. O que ele não sabe é que seu olhar carrega tanta poesia, poesias tão tristes quanto sua vassoura fazendo melodia pelo chão enquanto levanta a grama cortada.

Cheiros e rostos, gramas e sois. Horas e horas, dias e dias... Até que ele percebe um olhar sobre ele, coração acelera e de vagar levanta seu rosto para retribuir o olhar ainda com certo medo e hesitação. Mas o ônibus anda e ele não conseguiu ver quem o olhava... Novamente é apenas ele e ele. Ele e sua vassoura musical.

(GB - 17)

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