segunda-feira, 25 de setembro de 2017

AbSINTO


Dançando
Deixou no cigarro a marca de batom.
Canta como se estivesse em marte,
Gira como se fosse Yansã,
E sofre como se já fosse amanhã.

Como se já conhecesse a maçaneta,
Entra nas ideias de Platão,
Conversa com o Deus de Espinosa,
Abre os olhos como se comesse a fruta venenosa.

Num sonho Freudiano
Reza o alcorão,
Se encontra com Delfos que diz:
“Quando a música acabar, você vai voltar.
Catarse. Cate-se”.

Remando contra a corrente,
O tempo parece disparar
E voltando, se depara
Com o copo de absinto
Que devolve o olhar.

Na boate, 
O cigarro manchado de vermelho
Sangue descansa sobre a mesa. 
E o começo da manhã se funde
Entre laranjas e vermelhos,
Azuis e violetas.

Afogou a madrugada 
Em entorpecer,
Bebendo jazz,
Escutando o chão,
Deitada no que disse ser vinho.

(GB - 18)

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