segunda-feira, 16 de julho de 2018

Pasto

O tempo passa e tudo pasta.
Derruba a vida abaixo: vira pasto.
Água, água, pisa, pisa e seca tudo.
Deserto fica e eu me mudo.

O fogo pega, incêndio vasto,
Tudo vira pasto.
Abate o sangue,
Hormônio corre no vermelho,
Tinge do mangue até a mata por inteiro.

A água some
E a gente come
Morte na brasa, é certeiro.
Em fevereiro é a hora da colheita,
Aceita que a cana só se colhe se queimar.

No mar veneno, boia a soja e o milho
Que o filho se lambuza depois de desempacotar.
Aqui tem plástico na comida, no lençol freático,
Na avenida e no estômago do animal aquático.
Prefira alumínio no sangue do que ficar a transpirar.

No ar inspiro as letras sujas da aula de química
E banho de enxofre tem lá fora,
Na chuva é só se molhar.
Vamos beber chorume,
Mas não posso chorar,
Nem tentar mudar o costume,
Se não, ninguém vai me aturar.

(GB - 19)

Nenhum comentário:

Postar um comentário