Olhos de câmera fotográfica
Busca sedenta por imagens.
Capta cada canto desconhecido da casa
Tenta se surpreender com algum novo
Pra lavar de novidade a janela da alma.
O corpo ocupa o espaço como se ocupasse a si mesmo,
Meu corpo se confunde com a casa,
Já virou um móvel,
Parte dela.
As narinas anseiam cheiros diferentes,
Temperos novos
Flores
Rua
Chuva
O cheiro da noite.
Enfio a cabeça pra fora da janela
Respirando como quem sai do útero.
Parece que tudo vibra mais do que antes.
A luz do pôr do sol
As cores
O sol penetrando os poros da pele
O olho no olho que já virou raridade
O toque...
Investigo o corpo como investigo a casa,
Tento mapear meus ossos
Sinto minha pele
Como quando me deito em um canto da casa
Nunca habitado antes procurando o sol.
Descubro posições,
Maneiras de ocupar o espaço,
De ocupar a mim mesma.
De habitar meu corpo
Enquanto sinto o habitat como lar.
Estar em mim tanto quanto estou na sala de estar.
As cores de fora são mais nítidas,
Os cheiros de fora são mais fortes.
Tento habitar meu corpo na carne
E habito meu hábito na casa,
Habitando os sentidos apenas no estar
Pra cabeça pairar por onde ela quiser.
Pra cabeça pairar por onde ela quiser.
(GB - 21)
Nenhum comentário:
Postar um comentário