segunda-feira, 27 de abril de 2020

Incêndio

Você me assusta
Não sei se tô cada vez mais perto ou longe.
Nem sei nem se quer se estou,
Você não faz sala pra quem quer um estar em ti.
Não sei se cada vez me perdendo ou me descobrindo nessa confusão aí.
É tipo espelho quebrado, 
Como um quebra cabeça de trechos que não sei se são seus ou meus.
Você é perigoso,
Tenho medo dessa escuridão. 
Ela corrói, estranha.
Queria dizer que 
Só queria pousar de leve nas tuas águas,
Não preciso nem mergulhar se não quiser.
Eu sei que carrega água,
Mesmo sendo terra e fogo.

Ondas. 
Eu vi como elas se comportam diante de você.
Mas insiste em ser vulcão que passa abrindo meu chão, 
E eu desabo e caio em lava,
Mas essa não lava
E nem conduz, 
Cega.
Seu presente estar, mesmo sem perceber,
Sai assim atropelando tudo, 
Ofuscando tudo,
Me deixando vertiginosa,
Fazendo eu tropeçar em mim.

Teu gesto contido grita dentro da minha cabeça,
Como se me lesse.
Inteiriça.
Sabe da minha juventude,
Pobre ingenuidade,
Pobre, como folha em branco.
Acredita mesmo nisso?
E age nessa inquieta indiferença constante.

A magníficencia do teu mistério
Que você eleva com tua lua
É milimetricamente calculada por teu sol.
Um leão castrado virgem.

E de tanto saber o perigo que causa
Bailarina inquietudes em mim,
Atraindo
Repelindo
Fugindo
Fingindo
Mas daí me olha
E quando olha...
Me eriça os todos os pêlos
E são essas migalhas que se acostumou a dar,
Como se eu fosse roedora 
Buscando
Buscando 
Buscando
Algum sinal
Para além da pele,
Pois por dentro, o fogo caótico explode com tanta vibração
E você até tenta apagar ele com sopros,
Mas não percebe que assim acende mais faíscas em mim?

Eu sou de ventania.
O ar alimenta o fogo.
E eu conheço muito bem essa magia.
Mas você não se deixa nem um pouco pra eu te incendiar.
Só quero lambusadas,
Amêndoas,
Madrugadas,
Me sentir etílica,
Até pegar teu fogo.

Mas você não abre,
Se fecha na tua muralha de terra velha.
Mesmo sabendo que lá em baixo ela borbulha.
E eu sinto as explosões das bolhas em mim.
Me assume.
Ou sumiço.
Sumo e é isso.
Em suma,
Só não quero mais é sumir pra mim mesma
Perdida dentro da ideia que fiz de ti. 

(GB - 21)

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