segunda-feira, 27 de abril de 2020

gitano

há tempos não escrevia, até tu chegar mansa de plenitude. cheia de não querer poemas, por estar repleta das poesias que tens, que és e que recebes. me ensinas a ver-me na calma que também abrigo. me ensinas a ser mar manso, cantando a paz para os abismos. tu es un árbol lleno de ojos que me miran. me acolhes com tus ojos de felina da costa. desse jeito arisco, tu pões em risco minha alma de perder as estribeiras em meu próprio âmago. tu me mostras uma nova juventude. uma primavera madura, dessa vez mais calma, que estou aprendendendo a colher e acolher do pé. é a primavera de te querer em ti, pousada em ti, intacta, e cuidar para não invadir teu ninho. nem mesmo com palavras. espero um convite para entrar. quem sabe um dia. se é que o tempo em ti beira como em mim. tu me ensinas que o silêncio é a voz mais preciosa do ouvido. te escuto, como me escutas. me ensinas a me escutar quando falo sobre as casas de mim. escrevo o que há tempos não escrevia. sobre paixão. sobre ondas. sei que tu navegas muitos outros em teus olhos. vi que embalas otras brujas en tu voz cantante. e eu, que também me encontro perdida nessa maré, eu preciso de palavras para emergir. mesmo sabendo que tu não precisas ouvir-me, pois também está mergulhando em ti. e não me importa quantas paixões te carregam nelas ou quantas casas tu inundas quando pousas teu olhar. tu me ensinas a ver-te e a ouvir-me. e isso já é primavera. 

(GB - 21)

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