segunda-feira, 27 de abril de 2020

VIRUS

As definições de vírus foram atualizadas: o CAOS foi instalado em algum momento de distração, fazendo o sistema operacional entrar em colapso. Fazendo o sistema olhar pra si mesmo. Novas plataformas surgiram, mas quase nada deu conta, o computador já estava superaquecendo: ambiente perfeito para a entrada do vírus. Entrou por um lugar que ninguém percebeu, foi tomando conta, dando bug em um programa de cada vez, começando pelos mais antigos. O silêncio se instaurou. Muitos programas ficaram pra trás, vários perderam sua função no sistema, esses ficaram perdidos, outros, readaptaram-se. Precisou-se fazer uma análise sintática, a área de trabalho teve que ser alterada, os programas tiveram que ser atualizados, usar adaptadores. Precisou-se criar redes em que um programa alimentasse os dados do outro, convertessem os dados transmitidos, unificando os dialetos. Todos se retroalimentando. Assim eles recuperaram dados da memória RAN que haviam sido perdidos, lembraram que fazem parte do mesmo sistema, que todos os programas são essenciais para o sistema funcionar e que era essencial que se comunicassem entre si. Perceberam que estavam funcionando de forma automática nas definições de fábrica, sem se atualizarem, que estavam desgastando o tempo de vida útil dos hardwares que os abarcavam, que estavam sobrecarregando a placa-mãe. Não adiantava fugir. Os mais variados tipos de programas estão no mesmo computador, inclusive o vírus. Ele faz parte do mesmo sistema agora. Na verdade ele sempre esteve lá. E só há uma escolha: ou usar o antivírus que o criador do próprio vírus fornece e tudo volta a ser como era antes, o sistema falhando aos poucos, aquecendo, aquecendo até aparecerem outros vírus cada vez mais fortes, ou todos os programas se atualizarem, trocarem seus dados entre si até que a rede se fortaleça e coexista com o vírus. Até que ele mesmo passe a ter uma função dentro do sistema.

(GB - 21)

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