quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Esse constante querer ser faz com que eu não veja o que já se é. E aí sinto que nunca sou. Auto engano. Quero aprender a não comparar mais importâncias. Ser grande é de dentro pra fora e não de fora pra dentro. Pra ver, tem que aprender a mergulhar na pequena grandeza e saber que tem um lugar, tem um espaço ali, que ela cabe. E isso tem que ser o bastante. O que cabe desse pó de estrela, no espaço-tempo do mundo é tão pequeno e grande quanto todos os outros pós de estrela. Não mais, nem menos, porque o destino é sempre o mesmo. Vou morrer insignificante como a maioria de nós. Alguns foram vistos maiores do que a grandeza que cabe a maioria, em comparação arbitrária. Aprendemos na escola que poderemos ser vistos assim também, se nos esforçarmos, nem que seja depois de morrermos, como Van Gogh. Não. Não enganem nossas crianças. Falemos pra elas da importância de ver e admirar o mundo que cabe a elas e não querer ser o que coube a apenas alguns. Falemos pra elas sobre aquela nossa importância que quem carrega somos nós e os nossos e não o mundo. E isso é o bastante sim. A importância tá na terra que é e não na tela que mostra. Porque, se esse nosso micro planeta é o mundo pra nós, minha nano importância pode ser o mundo pra algo. Que não julguemos importâncias pela aparência. Que não soframos pela frustração de não sermos um mundo que não nos cabe carregar. É muito mais pesado exigir um mundo fantasioso de si do que carregar o mundo que você tem pra ser. Se não, viveremos eternamente não cabendo em nós mesmos. 

(GB - 23)

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