quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Sacerdotiza

Quando achar que está ficando louca,
Fuja pra si.
Desatinando, desatando nós,
Só.
O que fui ou fiz não me define, 
O que faz parte de mim não me define, 
Constrói, melhora, avança.

Pra escapar da solidão, rio com as sombras.
Dói. 
É como arrancar curativo.
Como medicina. 
Prefiro ser louca e bruxa.
Bruxas são completas, inteiras, 
Cada parte, cada canto 
Em constante transformação,
Em expansão e contração. 

Dentro, vejo o que me pertence 
E o que não. 
Monstra e amor. 
Terror, vulcão e flor. 
Prefiro ser. Prefiro. 
Metamorfose, várias. 
Culpa não cabe.

Entre todos os buracos escuros e empoeirados, 
Isso de ser eu, é meu lar.
Como a sacerdotisa,
Aquela de frente ao portal do dois.
Yin e Yang. 

Tão completa em si. 
Ali se encontra, 
Se acomoda,
Espera.
Observando, sem expectativa, 
O tempo. 
O Templo
É si mesma. 

Limpa tudo o que vai, 
Guarda tudo o que fica. 
Sem apego. 
Só estando. 
Completa em si. 

(GB - 22)

Nenhum comentário:

Postar um comentário