quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Pele

Me vejo pisando no mundo,
trocando com o mundo,
tocando o mundo
falando com o mundo,
de fora a dentro
por poros que se espalham
e de dentro a fora
pelos pelos que me penetram,
transbordando como plantas
que emergem da terra.

Manta da vida sensorial,
é, ao mesmo tempo,
limite e canal.
Se espicha, se encolhe, se escurece, se avermelha,
absorve, expele, respira,
transborda, transporta, transpira,
transcende pelo arrepio.

Essa capa capta e transmite informação.
Que abrigo é esse que habito?
O que fala sobre mim?
Clara, escura, pintada,
seca, dura, melada,
oleosa, suada, molhada,
áspera, rochosa, suave,
eu macia e tantas outras maneira de ser.
Buracos, pelúcias, botões de prazer,
entrada pro eu, saída pro seu.

Orgânica parede movediça que,
casando com a alma,
se tornou a casa do eu.
Assim fez-se sentido o toque
e minha identidade.

(GB - 23)

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